I Acto:
Teria sido um só banho……..
Um só sonho…
De fugida deixei o mundo para traz e de pé ante pé sentei-me no teu colo e fingi que não estivesse
à espera de te ver aparecer à minha frente
e com aquele teu ar único que por mais que te veja sempre parece que é a primeira vez,
de tão bom que é esperar.
Sentir o teu cheiro, deixar que entres no meu corpo como único, como só tu sabes fazer, meu luar…
Acaricias o meu sentir a minha alma e eu deixo-me ir no balanço dessa ondinha pequena,
e vejo o nosso reflexo ficar cada vez mais longe, com a promessa de amanhã voltar a ser e a ser diferente.
Porque será que é tão difícil amanhecer?
Será por ser único esse momento,
esse banho…
Voltarei eu amanhã?quem sabe…conseguirei fugir mais uma vez….
Deito a minha cabeça para trás e deixo que me acaricies a cara e com um suave beijo quase sem tocar te despedes de mim e ao longe o dia começa a aparecer, realidade….
(Cristina P. Pais)
II Acto:
A realidade toca-me intrinsecamente, debaixo da minha pele, dentro da minha alma… Uma realidade fria, como a solidão que preenche cada lacuna do meu corpo, que graças à tua ausência se formou.
Sentimentos de complemento e de dualidade não passam de uma utópica ideia que tanto aos Deuses suplicava.
O calor do sol matinal, não passa afinal de uma metáfora para a barreira que nos separa… Separa-nos então como a linha ténue entre o amor e o ódio que te sinto…
Na água limpo as mágoas, desembaraçando os sentimentos que sinto por ti. Porque será tão difícil esquecer e transpor? Porque será tão difícil esperar então pelo dia de amanhã?
Por ti então, esquecido luar, acolho o sentimento de afecto que tanto esqueço ao longo das largas passadas da minha vida…
(João Pais)